quinta-feira, 2 de maio de 2013


1.      A grande batalha

Hoje em dia, quando perguntamos às pessoas como elas estão, muitas respondem: ‘estou na luta’. Pois no caso de Francisco isso não era só um jeito de dizer. Ele viveu em pleno período das Cruzadas e mais que representar uma preocupação, isso era símbolo de status. Voltar vitorioso da guerra era motivo de ascensão social. Além das Cruzadas contra os muçulmanos, havia ainda as lutas entre cidades, e Assis se envolveu em muitas delas, despertando os olhares dos jovens, desejos de sucesso.
Numa noite, Francisco sonhou que estava guerreando. “Quando acordou, começou a interpretar o sonho em sentido mundano, como quem ainda não tinha experimentado plenamente o espírito de Deus, e imaginava que se tornaria um príncipe magnífico. E pensando nisso, resolveu fazer-se cavaleiro para conquistar tal principado. Por isso resolveu juntar-se ao conde Gentil, que partia para a Apúlia, onde seria armado cavaleiro por ele. Para esse fim preparou uma bagagem de vestes preciosas. Tornou-se, por isso, mais alegre ainda do que de costume e encantava a todos. A quem lhe perguntava pelo motivo desta súbita felicidade, respondia: ‘Sei que me tornarei um grande príncipe’” (Anônimo Perusino 5).
Nossas lutas hoje podem ser diferentes. Podem não haver cidades a serem derrotadas, não usamos armadura e cavalos enfeitados, mas temos nossa batalha cotidiana: escola, trabalho, salário, contas, vestibular... nos fazem ter de matar um leão por dia.
Como na época de Francisco, os olhos dos jovens brilham por um futuro melhor, de alegria e reconhecimento. A vida é batalha travada, não necessariamente contra alguém, mas contra tantos fardos que nos pesam as costas.

2.      Perder a batalha, mas não a guerra

Nossos sonhos e desejos profundos nos fazem viver como apaixonados. Pensamos o dia todo no que vai acontecer. Ensaiamos, fazemos de conta, criamos expectativa. Parece que a preparação de uma festa é até melhor que a própria festa, por deixar no ar o sabor do que poderá vir. Na vida é assim, é preciso lançar-se, ter coragem de correr riscos. Se não corrermos atrás, as oportunidades não nos baterão à porta.
Francisco, como vimos da última vez, tinha um grande sonho em sua juventude: sagrar-se cavaleiro, voltar da guerra vitorioso e ser aclamado pela multidão. Foi assim que, em 1202, seguiu para a batalha contra a vizinha cidade de Perúgia.
Esta batalha, no entanto, rendeu a Francisco não as honrarias que tanto desejava, mas o jogou na prisão: Assis perdeu a luta e muitos cavaleiros foram levados como prisioneiros de guerra. Que decepção! Que frustração!
É assim mesmo: quando a vida nos tira o tapete, ficamos com a sensação de que tudo foi em vão, de que fomos derrotados, que falhamos. Mas não é hora de desespero nem de arranjar um culpado. É, antes, hora de reflexão, de reajustar novas estratégias, de reprogramar a rota.
O período em que Francisco esteve preso foi muito importante para ele. O conforto de sua casa, suas roupas cheirosas e macias, o carinho dos seus, seus sonhos se chocavam com a situação atual na prisão.
Todos nós nos frustramos. Todos nós perdemos. Nos decepcionamos. Isso é da vida, o importante é o que vamos fazer a partir daí: chorar o resto de nossos dias ou tentar de novo, de um jeito novo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Entre em contato conosco! Venha ser um Frade Menor!

Nome

E-mail *

Mensagem *

Seguidores

Visitantes