sábado, 5 de novembro de 2016

Pobres e Menores: Onde estamos?

Nas Considerações sobre os estigmas lemos um episódio muito significativo, no qual São Francisco aprende uma lição profunda de um simples aldeão:

“Diz-me, tu és Frei Francisco de Assis?”. São Francisco respondeu que sim. “Então te esforça, disse o aldeão, por ser tão bom como és tido por toda gente, porque muitos têm grande fé em ti. Então eu te admoesto que em ti não haja outra coisa senão o que o povo espera”(FiorCons 1).

Como seguidores de São Francisco, este chamado simples e direto à autenticidade é um desafio perene para nós Frades Menores. Quando o Cardeal Bergoglio escolheu o nome de Papa Francisco, o chamado à autenticidade de vida tornou-se novamente o centro de todos os nossos esforços. De fato, através de seu modo simples de viver, de pregar e de ensinar, o Papas Francisco deu ao termo “franciscano” uma nova atenção e uma orientação específica. Tornou em larga escala o sinônimo de um modo de viver materialmente pobre, sem presunções, ecologicamente sensível, centrado sobre a irmandade com cada ser vivente e de modo especial preocupado com a paz e a justiça para os pobres do mundo. Assim também tantas pessoas esperam de nós, enquanto “pobres e menores”. Para nós o desafio renovado é identificarmo-nos o mais possível com os irmãos e irmãs que vivem às margens da vida social, cultural, econômica e política, aqueles que não tem nenhum poder no mundo de hoje. São eles que são mais atingidos pelas mudanças climáticas, pois são eles que sofrerão as maiores consequências por cada falimento da comunidade das nações, se estas não agirem imediatamente e decisivamente para reduzir o impacto humano sobre o ambiente.

Este livreto é oferecido como um instrumento através do qual se deve perguntar: Onde estamos?, naquilo que diz respeito à nossa dedicação a uma vida vivenciada na simplicidade e na solidariedade, seja a nível pessoal seja a nível comunitário. Este subsídio nos estimula a examinarmo-nos seriamente sobre a simplicidade de nossa vida, sobre a proximidade aos nossos irmãos e irmãs que vivem marginalizados, sobre a relação de nossas vidas individuais e aquilo que acontece no mundo de hoje, de modo que possamos abraçar nossa vocação de modo renovado.

A ligação deste Subsídio com outros textos franciscanos e com o último Capítulo Geral é evidenciado na introdução: indica-o uma particularidade peculiar. De fato, trata-se de um instrumento prático, com uma abordagem mais indutiva que dedutiva. Os nossos valores e o vive-los concretamente estão no coração do processo avaliativo que propomos a todos os Frades do mundo, com o objetivo de exortar-lhes a uma maior dedicação de vida, de modo que possa exprimir realmente aquilo que professamos de ser. Este modo de viver é enraizado na experiência do próprio Nosso Senhor Jesus: “Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana” (Fl 2,6-7).

O Subsídio nos convida a nos concentrar-nos sobre quatro áreas: ser “menores”; viver a pobreza evangélica; ser pobres entre os mais pobres; e trabalhar com um espírito de fidelidade e devoção. Todos estes temas são firmemente fundados na tradição evangélica franciscana e dizem respeito à nossa relação com Deus, entre nós e com o mundo. Desejamos também acolher as intuições do Papa Francisco que frisa com força: “a relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta, a convicção de que tudo está estreitamente interligado no mundo, a crítica do novo paradigma e das formas de poder que derivam da tecnologia, o convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates sinceros e honestos, a grave responsabilidade da política internacional e local, a cultura do descarte e a proposta dum novo estilo de vida” (LS 16)

Incentivo a cada um, queridos Irmãos, a ler, refletir e agir diante das palavras, muitas vezes provocatórias deste breve Subsídio, na vida pessoal e junto com os Irmãos da Fraternidade local. Que o Espírito Santo trabalhe nos seus corações para uma contínua conversão de vida.

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