Por Frei José Roney
O Rei Leão
narra a história de Simba, um jovem e astucioso leãozinho que, juntamente com
sua amiga Lala, deseja viver uma vida de grandes aventuras. Na intenção de se
autoafirmar a quaquer custo em sua identidade de espécie e provar ao seu pai o
quão grande é sua coragem, simba, cheio de si, mete-se nas mais incríveis
confusões, e nisso, acaba sempre colocando em risco sua vida e a de seus amigos
e familiares.
Quando, porém, seu ambicioso tio Scar arma uma
engenhosa emboscada para matar seu pai e tomar de uma vez por todas o trono do
Rei, Simba, envolvido pela força dos argumentos de seu tio, toma para si uma
culpa que não é sua e foge do Reino que era seu por direito.
Longe de casa, o filhote conhece Timão e Pumba, duas
criaturas com as quais estabelecerá um verdadeiro vínculo de amizade e, sob a “filosofia” do hakuna matata”, viverá
uma vida “livre” e sem maiores preocupações. Não obstante, muitos anos após sua
partida, Simba já adulto reencontra-se com Lala, sua amiga de infância, e toma
conhecimento da dramática situação à qual estão submetidos sua família e seus
amigos sob o reinado de Scar. É então
que Simba, divivido entre o conforto de sua vida atual e as responsabilidades
que lhe competem enquanto sucessor legítimo do Rei, vê-se diante de seu maior
dilema, no qual, uma escolha pode decidir o futuro do reino, o seu e o de sua
espécie.
O Rei Leão é
um filme provocante, capaz de levar-nos a nos questionar até que ponto somos
capazes de assumir coisas que não são nossas, e deixar de lado aquilo que
realmente nos pertence. A tragetória humana é marcada por desafios, diante dos
quais, por vezes, arrogamo-nos de uma coragem que na verdade não possuímos.
Basta a situação exigir um pouco mais de nós que, num átimo, recorremos aos
“hakuna matatas” da vida: à mídia, aos grupos, aos entorpecentes, ao álcool, à
rebeldia sem causa, e a tantas outras formas pouco saudáveis de fuga da
realidade que possamos encontrar desponíveis. Com isso, acabamos por nos tornar
extranhos a nós mesmos e incapazes de assumir nossa própria história, legando a
outros a inteira responsabilidade por uma vida que, enquanto singularidade, deveria
ser tão somente nossa.
Nesse sentido, Simba é como que a prefiguração de
cada um de nós que, não poucas vezes, armamo-nos ciladas e caímos em nossas
próprias armadilhas, curiosamente, acabando por nos sentirmos confortáveis com
essa espécie de psêudo-existência.
A vida, porém, sempre nos dá a oportunidade de
recomeçar, reconstruír, fazer diferente, contanto, é claro, que sejamos capazes
de encontrarmos em nós a coragem necessária para reconhecermos nossos limites,
medos e receios, e assim, olharmos com caridade para o nosso passado, corrigirmos
erros cometidos, reconciliarmo-nos conosco mesmo e nos projetarmos com
confiança para o futuro.
Ora, pois, foi
exatamente isso que fez Simba. Após muita resistência, ele abriu seus olhos e o
seu coração, e procurou responder sem ressalvas aquilo para o qual, desde
sempre, havia sido chamado, e apartir disso, descobriu o verdadeiro sentido de
sua vida.
O Rei Leão, um clássico do cinema que vale a pena
ser visto, refletido e confrontado com nossa própria experiência de “ser no
mundo”.
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